quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

História da Astrologia IV (da Babilónia à Internet)

Pedro Abelardo e sua amada Heloísa
(tema do poema Abelardo e Heloísa)

Idade Média: a Astrologia e a Igreja

Na alta Idade Média, a astrologia representava uma alternativa à verdade da Igreja, logo, uma alternativa à sua autoridade, sendo providencialmente associada à heresia.
Como muitos cristãos acreditavam que as estrelas realmente indicavam o futuro, eles não podiam permitir que os astrólogos tivessem tal conhecimento.
O maior problema para a Igreja era a questão do livre-arbítrio.

Em suas Confissões, Agostinho ilustra bem essa preocupação:
"Também afirmam [os astrólogos]: 'Foi Vênus ou Saturno ou Marte quem praticou esta acção'. Evidentemente, para que o homem, carne, sangue e orgulhosa podridão, se tenha por irresponsável e atribua toda a culpa ao Criador e Ordenador do céu e dos astros." [17]

Dessa maneira, o homem deixaria de assumir a responsabilidade por seus pecados, atribuindo-a aos astros e, consequentemente, a Deus.
Com base nesse tipo de argumento, a Igreja tomou medidas duras contra a astrologia, chegando a recomendar a pena de morte aos astrólogos.

Dessa maneira, entre os séculos V e X, houve uma diminuição da actividade astrológica na parte oriental do Império e um aparente desaparecimento na parte ocidental.
Entretanto, a literatura astrológica alexandrina que foi preservada, mostra que o cristianismo não conseguiu realizar por completo seu intento contra a astrologia.
Além disso, manteve-se uma tradição astrológica latina, baseada na tradução de textos gregos de astrologia popular. [18]

O teólogo Pedro Abelardo (1079-1142), os padres Alberto Magno (1193-1280) e seu aluno, Tomás de Aquino (1225-1274), e o franciscano Roger Bacon (1214-1294) contribuíram com suas idéias acerca da astrologia em relação ao cristianismo, para um reavivamento da discussão sobre os fundamentos astrológicos e os problemas do livre-arbítrio.
Cabe lembrar, que o pensamento de Aristóteles, responsável por "validar" a astrologia por meio da obra de Ptolomeu, foi sendo adoptado pela maioria dos pensadores da Igreja e compatibilizado com os pressupostos bíblicos.

[17] AGOSTINHO, S. Confissões/De magistro. Tradução de J. Oliveira Santos, A. Ambrósio de Pina e Angelo Ricci. SP: Nova Cultural, 1987 - p. 56 (Coleção Os Pensadores)
[18] cf. FUZEAU-BRAESCH, S. A astrologia. Tradução de Lucy Magalhães. RJ: Jorge Zahar Editor, 1990 - p. 54





DA BABILÓNIA À INTERNET
Uma breve História da Astrologia

por Cristina Machado
http://www.constelar.com.br

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